domingo, 9 de dezembro de 2012

Vestir Arte


Segundo Honoré de Balzac, escritor francês que retratou na sua grande obra “A Comédia Humana” todos os níveis da sociedade francesa da época, “O inapto cobre-se; o rico enfeita-se; o presunçoso disfarça-se; o elegante veste-se.

Deixo aqui uma sugestão, vista-se, e, com arte.





As máscaras podem estar preparadas com alfinete, para servirem de pregadeira.




Uma encomenda Especial


Vou partilhar convosco uma encomenda especial.
Um casal viu o blogue da Lallita Arte, e pediu 2 bolas em crochet, mas não para o fim que eu tinha idealizado.
Este casal vai ter o 1º filho, e pediu a execução, para colocar no berço do menino.
Não me tinha ocorrido, mas, é mais uma possibilidade de aplicação. 
E, diga-se, que muito original. 
O resultado… muito mimoso.



Os bebés, nascem com olhos dispostos a ver todo o precioso, a abraçar todo o alegre, e a querer sem condições com todo seu coração.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Reciclar para o Natal



E porque reciclar nos protege da nossa própria devastação, é indispensável, inclusive os pensamentos....
Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Deixo uma sugestão de reciclagem, para os apreciadores de vinho.

“O bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, quando tomado com sabedoria.”
(William Shakespeare)

Quer seja um apreciador ou não, a verdade é que o vinho tornou-se um verdadeiro símbolo de estilo e até de sex appeal. Quer seja num jantar romântico, ou mesmo num jantar de negócios, saber apreciar um bom vinho é sempre certo de causar boa impressão.



As rolhas usadas são coladas, e se preferir pode pintar.
No topo da árvore, colocou-se 3 botões e 2 fitas de seda.





Deixo ainda outras sugestões.
As que se seguem não foram executadas por lallita arte.





segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Experiências Artesanais


Tudo começou com simples curiosidade, e, como se costuma dizer: “A curiosidade pode abrir novos horizontes, ou pelo menos, acende a chama do entusiasmo para procurá-los.”

E assim, desafiei alguns artesãos a elaborarem peças diferentes dos seus trabalhos habituais, para que aqui se possam divulgar e comercializar.

Por enquanto somente consegui iniciar esse desafio com, a arte da cestaria, a de máscaras de madeira e a de crochet.

Os trabalhos que seguem foram pensados para quadra natalícia que aí vem.



Bola de natal em crochet com fita de organza, Ø 90 mm.





Executou se em vermelho e dourado, mas pode ter outras cores, deixo sugestões de aplicação.




Em porta de entrada




Em janela



Em armário




Bola em crochet com fita de seda para árvore de natal, Ø 90 mm.
Esta bola tem no interior plumas rosa, mas pode ter de outras cores.
São todas em acrílico resistente.















Se desejarem para oferta, deixo a sugestão da embalagem.
Esta embalagem é toda feita manualmente, é origami. O desenho foi elaborado exclusivamente para a lallita arte, é executada pela Papelíssimo. Deixo o blogue para poderem consultar:  http://papelissimo.blogspot.pt/










Estrela de natal, executada em crochet branco com fio dourado com 37 cm.
A cor da estrela poderá ser a que desejarem.




Presépio executado em crochet dourado, com fita em organza, Ø 50 cm.




Sugestões de aplicação

Em porta de entrada com sombra em seda vermelha





Ou de modo natural  



  


Sugestão para toalha de mesa de natal


Toalha para mesa de apoio em linho com aplicação de coroa em crochet azul (mas pode ter outra cor) nos quatro cantos da mesa, dimensão 100 x 100 cm.







Apresento outras sugestões de ofertas de Natal


“A ciência descreve as coisas como são; a arte, como são sentidas e como se sente que são.” (Fernando pessoa)

E porque a vida sem arte não tem graça, e porque a partilha é desejável, deixo sugestões de arte para proveito próprio ou para oferta.


Máscaras em madeira, um dos ex-líbris do concelho de Lamego, mais propriamente da freguesia de Lazarim, reproduções em pequena dimensão. 


   

Máscara “Rei”, madeira de amieiro, dimensão 100 x 50 x 40 mm (A x L x P)


Sugestões de entrega e/ou de oferta



 Em caixa origami com almofada em cetim preta, executada manualmente, e em exclusivo para lallita arte, por http://papelissimo.blogspot.pt/






Ou em vime, trabalho executado por artesão local, em exclusivo para lallita arte.
Esta cesta tem almofada em veludo azul-marinho mas, poderá ter outra cor ou forro diferente, só precisam especificar, nós executamos.



Outros exemplos de máscaras

 

 “O Diabrete”, a mais típica do Entrudo de Lazarim, dimensão 95 x 45 x 40 mm



“A Senhorita”, dimensão 100 x 50 x 40 mm


 

“O Lorde”, dimensão 95 x 45 x 40 mm 




Árvore de natal 






Para questões relativas a encomendas contacte: lallita.arte@gmail.com




quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Partilha




Alguém disse um dia:
“A PARTILHA É A PORTA DA ABUNDÂNCIA.”

Desejo que assim seja, e porque há coisas que ao partilhar são nossas e vossas, vou partilhar aqui A Arte, sob varias formas, e parafraseando o mestre Leonardo da Vinci a pintura é poesia muda; a poesia, pintura cega.”
E, porque prezo a história e o legado de povos passados, e porque acredito que A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para a frente(Soren Kierkegaard), pretendo realçar a arte, que o homem foi produzindo manualmente para o servir em função das suas necessidades. Hoje, conhecida por artesanato, e, muita desta arte em vias de extinção. Pretendo ainda focar a produzida em Lamego.

E Lamego porquê?
Em 1º lugar por ser a cidade da minha origem, mas também, porque segundo uma versão da historia terá sido aqui que tudo começou, isto é, foi nesta cidade que decorreram as primeiras Cortes de Portugal, reunião que terá ocorrido entre 1139 e 1143, reunindo toda a nobreza e clero do Condado Portucalense, bem como procuradores dos concelhos sob convocatória de D. Afonso Henriques. Dessa reunião, terá sido aclamado o jovem infante D. Afonso Henriques como 1º Rei de Portugal e estabelecidas as "Regras de Sucessão ao Trono".

Não pretendo alargar me na história de Lamego, até porque correria o risco de não ser precisa, nem mostrar todo o seu Património Construído que esta cidade conquistou. Pretendo sim despertar a quem não conhece que venha visitar, que vale muito a pena.
É claro que não só de grandiosidades vive o mundo, e parafraseando Paul Gauguim, "Existe sempre uma grande demanda por novas mediocridades. Em todas as gerações, o gosto menos desenvolvido tem o maior apetite."


A mestria de artesãos naturais deste concelho, muito tem contribuído para a preservação da identidade lamecense e da sua cultura, atraindo inúmeros visitantes e turistas, tornando o património mais global.

A necessidade de objectos para execução de trabalhos, abriu uma porta para a arte, e este amor à arte é evidente na elaboração dos artefactos, que preparados com o engenho e minúcia dos artistas, criam obras tradicionais em áreas muito distintas como a cestaria, tanoaria, funilaria, tecelagem, máscaras em madeira, olaria, marcenaria, cantaria, ferro forjado que constituem autênticos tesouros lamecenses.

As albardas, cabeçadas, correias e outros utensílios para animais, são também elementos representativos do nosso artesanato.


A marcenaria, a cantaria e o ferro forjado são artes que se desenvolveram mais no património arquitectónico. Actualmente tem-se verificado uma grande perda de mão-de-obra especializada nestas áreas construtivas, tendo se industrializado estas áreas, tornando o nosso património mais pobre.

Os artesãos que trabalhavam a funilaria ou latoaria extinguiu-se, existindo artesãos noutros concelhos, mas com tendência à extinção visto serem pessoas com idade avançada e não tendo conquistado publico interessado nesta arte.
Toda a área da latoaria ligada a cozinha e jardim foi substituída por novos materiais novos, que foram surgindo no mercado, ausentes de manutenção e maior durabilidade.






Porém julgo, que existe um sector da latoaria que não foi substituído ou superado e que poderá reinventar-se, que é o sector da iluminaçãoexistindo autênticas obras de arte executadas em latão, como se pode ver na imagem seguinte.





A olaria é outra arte que conta somente com um artista local, não se tendo cimentado o suficiente para a tornar tipicamente lamecense e se distinguir de outras localidades.


Nas últimas décadas, o artesanato nacional foi-se delimitando pelas práticas ancestrais de produção. Em parte pela desertificação das aldeias e das necessidades emergentes do consumo massivo (que prefere produtos estandardizados e industrializados), mas também pela ausência de novas mãos capazes de dar continuidade e inovação ao património artesanal.


De todas estas artes, a mais típica de Lamego, é a cestaria e está associada aos métodos tradicionais de fazer a Vindima.
Durante séculos, os cestos em madeira de castanho foram usados para transportar as uvas para as camionetas, que as levariam para os lagares e onde os típicos chapéus de palha usados de sol a sol na lavoura do dia-a-dia, permitem reviver memórias que se vão perdendo no tempo.
Estes cestos poderiam levar até 80kg.









Associada ao vinho está também a tanoaria, as pipas e tonéis construídas em madeira de carvalho, continuam a ser elementos associados à cultura e hábitos locais, que compõem a qualidade do vinho e o tornam único. Hoje, constituem um dos mais simbólicos aspectos do artesanato e é por amor à tradição que alguns mestres, residentes neste concelho e limítrofes, resistem às novidades do progresso e continuam a fabricá-los manualmente, como nos velhos tempos. 








Para melhor percepção desta arte consultem este blog: http://2somephotostudio.blogspot.pt/2012/02/arte-da-tanoaria.html




"O vinho é a mais saudável, alegre e cordial das bebidas."

Resultado da harmonia entre a natureza e o conhecimento do homem, o vinho é um produto nobre que, está submetido ao ciclo do tempo.
A construção da barrica tem muita influência na maturação do vinho, é essencial assegurar a perfeita secagem da madeira após o corte, intensidade da queima por ocasião da montagem e limpeza da barrica antes do uso.
Estudos mostram que a intensidade de cor e determinados aromas, tais como, baunilha, torrefação e de madeira, estão relacionados com a intensidade de aquecimento aplicado na madeira por ocasião da confecção da barrica.
O vinho do Porto, pela sua intensidade, notável potencial de envelhecimento e longevidade, pode permanecer em madeira por muito mais tempo do que a maioria dos outros vinhos. Isso significa que pode ser envelhecido de diferentes formas e por diferentes períodos para produzir uma ampla gama de estilos. Esta variedade de estilos é um dos aspectos mais fascinantes do vinho do Porto, tornando-o um dos vinhos mais diversificados e adaptáveis.

Para os mais apreciadores visitem a “A Essência do Vinho” que decorre no Palácio da Bolsa do Porto. Há degustações de vinhos, provas temáticas, harmonizações vinho/gastronomia e muito mais.




Outra arte dominante é a Tecelagem

Esta é a fase final de um ciclo que começa com a tosquia e a colheita do linho e termina com a fiação da lã e do linho, passando ambos anteriormente por várias fases.
Tudo começa com a tosquia das ovelhas.
Passado o Inverno, faz-se a tosquia das ovelhas, geralmente nos meados da primavera, sendo o velo (lã) enrolado em feixe e arrecadado até ao Inverno, altura em que se prepara a lã.
A lã para ser utilizada tem que ser amolecida em água quente, de um dia para o outro, para, em seguida, ser lavada em água fria, geralmente este trabalho era realizado nos regatos ou ribeiros, e batida, antes de secar ao sol. Depois de seca e escarrapiçada, está pronta a ser fiada e, depois, tecida.
A lã era muitas vezes tingida. Em Trás-dos-Montes usava-se o vermelho, o verde e o preto.

Na zona de Lamego e locais frios, como a Serra da Estrela, a veio dar origem a um material altamente resistente, apelidado por Burel, surgiu para agasalho e o mais conhecido são as capuchinhas.
Na confecção destas capuchas, conta-se com o Sr. Joaquim Ribeiro Novo, com 75 anos de idade, que carrega o peso da responsabilidade de ser a única pessoa que sabe fazer as capuchas de Alvite, concelho de Moimenta da Beira, agasalhos que outrora ajudaram novos e velhos a enfrentarem invernos rigorosos na Serra da Nave.





No que diz respeito a este material a sua utilização alargou-se a outras áreas. Apesar de no concelho de Lamego e mesmo no de Tarouca a sua produção não ter expressão, num concelho próximo, em Castro Daire, existe a Cooperativa de Artesanato As Lançadeiras de Picão, que tem desenvolvido outras potencialidades deste material. www.lancadeiras.blogspot.pt



Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta ás mudanças.
(Charles Darwin)



Prova dessa adaptação, é a empresa BUREL FACTORY, sendo a que mais domina e reinventa, este tecido artesanal português, para que não se perca no futuro, sempre com o objectivo de valorizar, as nossas riquezas tradicionais.
Para além desta empresa potenciar o uso deste material, estimula a criatividade artística, que recentemente em conjunto com A Casa da Arquitectura, lançou o Concurso de Ideias “Burel e a Casa” com o objectivo de incentivar a criação de uma nova peça de design para a CASA que incluísse, pelo menos em 40% da sua composição, o BUREL.






Para quem desejar saber mais informações deixo aqui o endereço da empresa e do respectivo concurso: http://www.burelfactory.com/index.php




Antes de falar nas potencialidades do linho gostava que vissem, O Núcleo Museológico “Casa de Lavoura e Oficina do Linho”, em Calde, Viseu, e para quem quiser visitar acolhe, até 31 de dezembro, a exposição temporária “O Ciclo do Linho: peças artesanais”, composta por utensílios de madeira, de artesanato local, usados no fabrico do linho.


No que diz respeito ao linho, para além do uso na moda, em conjunto com o algodão, executam-se trabalhos variados e muito nobres, contando ainda conta com muitos apreciadores desta arte, apesar de ser uma arte mais dominada por gerações com mais de meia-idade.
Quando se fala em linho reporta de imediato para a frescura e limpeza imaculada, para além da arte de bem receber e acolher. Quando este se alia ao crochet, consegue-se uma perfeita simbiose entre a frescura do linho e a delicadeza da renda.
E como uma imagem vale mais que mil palavras…









Para além da lã e do linho também se utilizava os trapos. Eram feitos de roupas que já não se utilizava, eram cortados em tiras e unidos por um alinhavo, com o qual se teciam mantas e tapetes.





Outra arte com alguma representação do nosso artesanato, são as albardas, cabeçadas, selas, correias e tudo aquilo que é feito em couro e que serve para os animais de trabalho.
Em Lamego, conta com o último artesão, Sr. Américo Freitas.

Há muitos anos atrás, ser albardeiro era ter uma profissão de futuro. Esta arte estava muito ligada à lavoura, os agricultores procuravam estes artesãos para equiparem os animais. As albardas eram usadas para os animais carregarem lenha e produtos agrícolas, permitindo maior conforto para os agricultores.
As selas eram uma peça mais cara e era usada só para montar a cavalo.
A mecanização da agricultura veio acabar praticamente com a profissão.






Para quem quiser ver o que o último albardeiro lamecense executa, fica aqui o blogue: http://albardeirofreitas.blogspot.pt/2009_01_01_archive.html




E porque creio que a arte que persiste ao longo dos anos é a que melhor se adapta à mudança, julgo que se esta arte perdeu valência com os animais de trabalho rural, pode ter muito sucesso junto dos animais de passeio, como é o caso do cavalo. Mas, poderá ter diversas valências neste sector.






Exemplar da sela Talaris da Hermès


É claro que a Hermès é uma marca tradicional no mercado de luxo de acessórios de equitação. Mas acredito que com vontade, um trabalho especializado e baseado na perfeição, se consegue o sucesso.
Só por curiosidade, e porque esta área (hípica) me apaixona, esta sela foi projectada para se assemelhar a uma sela normal, mas o que a torna única é o interior, os engenheiros da Hermès levaram quase três anos para aperfeiçoar. A Talaris foi cuidadosamente projectada para oferecer um máximo de conforto. Pesa menos de 1,5kg do que uma sela normal. Metal e madeira foram substituídos por carbono e titânio para a tornar mais leve e mais durável. A sela Hermès Talaris pode ser ajustada para ser usada por qualquer cavaleiro e cavalo. 




Que a Hermes não brinca em serviço, e preza o conforto do seu publico alvo, também já se sabe. Prova disso são as diferenças de um torneio convencional para um organizado pela Hermès. As tradicionais arquibancadas sob o sol, com pouco espaço para locomoção, foram alargadas de modo a haver espaço suficiente para mesas de almoço e lounges com sofás, e claro, tudo sob uma tenda laranja (a cor da maison).





E porque os melhores prémios estão no fim de cada caminhada, e não no início, passarei a falar sobre a arte que se tornou o ex-líbris do concelho de Lamego, as máscaras feitas em madeira, da freguesia de Lazarim.

Mas antes, considero necessário falar da evolução da máscara.


A máscara não é específica do Carnaval. Tem origem religiosa, por exemplo em África, a máscara manifesta a divindade e transmite ao portador todo o seu poder.
Eram usadas em rituais religiosos e não representavam faces normais, mas sim exageradas. Normalmente eram de madeira, cobre ou marfim.





No Antigo Egipto as máscaras eram usadas em eventos relacionados a acontecimentos religiosos e rituais agrários. As múmias eram mascaradas antes do enterro com máscaras adornadas de pedras preciosas.




Esta relação religiosa foi-se perdendo lentamente noutras culturas. Quando passa para o teatro, grego e romano, já o sagrado tinha desaparecido e a identificação faz-se entre actor e personagem, ou entre máscara e personagem, que aliás são o mesmo vocábulo em latim: persona.

Foi em Veneza, Itália, no século XV, que a máscara começou a ser usada no Carnaval.  O uso começou no teatro italiano, na Commedia dell’arte, ou comédia das máscaras, que criou os famosos personagens, Pierrô, Colombina e Arlequim entre outros.


Em Veneza, no séc. XVIII, o uso da máscara tornou-se um hábito diário em homens, mulheres e crianças, ocultando o rosto com uma meia máscara que apenas cobria os olhos e o nariz. Foi necessário criar a lei de Doge, para acabar com este hábito, porque a polícia tinha dificuldade em reconhecer os assassinos que constantemente matavam nas vielas da cidade. Os Venezianos passaram a usá-la durante o Carnaval que durava um mês e nas festas e jantares.



O Carnaval português teve sempre características diferentes do de outros países da Europa, sendo reconhecido até mesmo por autores portugueses como uma festa cujas características principais eram a porcaria e a violência.
São descritos como uma verdadeira luta em que as armas eram os ovos inteiros, ou as cascas com farinha ou gesso, cabaças de cera com água de cheiro, tremoços, tubos de vidro ou de cartão para soprar com violência milho e feijão.
Em determinados bairros atiravam-se à rua, púcaros e tachos de barro e alguidares já em desuso, como depois se fez também no último dia do ano, com intenção de acabar com tudo de velho que houvesse em casa.
Também se usaram nos velhos Entrudos portugueses a vassourada e as pauladas com colheres de pau.



O Entrudo português é levado para o Brasil aquando da colonização. Assim como em Portugal, era uma festa cheia de inconveniências, chegando a ter intervenções e advertências da Igreja Católica. Após esta intervenção, os banhos de água suja foram sendo substituídos por limões de cheiro, esferas de cera com água perfumada ou água de rosas e bisnagas cheias de vinho, vinagre ou groselha.
Esses frascos deram origem ao lança-perfume, bisnaga ou vidro de éter perfumado de origem francesa. Criado em 1885 chegou ao Brasil nos primeiros anos do século XX. Também substituindo as indelicadezas, vieram as batalhas de flores e os desfiles em carros alegóricos, de origem europeia.
Uma das figuras mais marcantes da festa é a do Rei Momo, inspirada nos bufos, actores portugueses que costumavam representar comédias teatrais para divertir os nobres. Há também o Zé Pereira, tocador de bombo que apareceu em 1846 e revolucionou o Carnaval carioca.
Após a independência do país, em 1822, a burguesia brasileira pretende afastar-se do passado português aumentando interesse pela cultura francesa. Surgem grandes boulevards, novas praças, largas avenidas e espaçosas calçadas, construídas para abrigar o laser da nova classe dominante.
Do cruzamento do antigo Entrudo (da brincadeira, que se foi moderando) com o novo Carnaval (glamour das fantasias e máscaras) dá-se uma mistura que acabará por dar identidade ao Carnaval brasileiro.






A vila de Lazarim caracteriza-se por ser uma comunidade rural orgulhosa das suas raízes e tradições e que demonstra uma invulgar vitalidade na sua defesa e promoção.
O Carnaval de Lazarim, é a demonstração clara desse orgulho, tratando-se sem dúvida dos mais genuínos Carnavais portugueses, mantendo bem vivas tradições ancestrais que perduraram ao longo dos tempos. Máscaras de madeira, esculpidas por artesãos locais, são nesta época festiva utilizadas por jovens de ambos os sexos – os caretos e as senhorinhas.




Aqui, o ritmo das escolas de samba não conseguiu penetrar, o que não deixa de tirar atractivos a este Carnaval autóctone.
O testemunho de um habitante local, que recorda ainda relatos do seu avô, faz-nos regredir no tempo até 1879. Por essa data, diz, já se festejava em Lazarim o Carnaval, que assumia contornos de uma manifestação medieval, com referências a belzebu, macabra e assustadora, em especial para os mais novos.   Máscaras de madeira eram revestidas a pele de coelho, cujo pêlo era depois rapado a lâmina de barba, deixando apenas assinalados com o pêlo do próprio animal as zonas das sobrancelhas e do bigode.

Cobras e sardões, apanhados no estado de hibernação do Inverno, eram também frequentemente utilizados. Pregados às máscaras de madeira serviam também de ornamento, deixando a população aterrorizada.


Um dos pontos altos do Carnaval de Lazarim é a leitura na praça pública, dos Testamentos da Comadre e do Compadre feitos por uma rapariga e um rapaz da terra. São então feitas as apreciações a todos os jovens da vila sob a forma de versos onde não faltam as inconfidências da má-língua, explorando muitas vezes as rivalidades entre os dois sexos. E realmente só ouvindo em viva voz se pode dizer que em Lazarim, naquela tarde de 3ª feira, vale tudo entre os rapazes e as raparigas da vila.

Mandam as regras que só os solteiros possam criticar e só eles sejam alvo de chacota.

Segue-se depois o desfile tradicional em que não falta a farinha lançada ao ar, e que termina com a morte do compadre e da comadre, simbolizados em dois bonecos que acabam por arder no meio do fogo.

Para terminar, realiza-se o concurso das máscaras de madeira, os “Caretos” e se descobrem as caras dos respectivos portadores.

Para remate final, manda a tradição que seja servida a feijoada e o caldo de farinha que as mulheres da aldeia tratam de preparar num largo próximo à praça principal.
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Sendo esta festa do Entrudo uma das mais emblemáticas da região e que movimenta milhares de pessoas vindas de todas as zonas do país e até mesmo do mundo, julgo que merecia uma exposição mais permanente. De facto, constou-se que se iria construir o museu do Entrudo em Lazarim, mas… estamos a aguardar. Para além do museu, deveria considerar-se mais orçamento, organização e apoio a esta festa e a esta arte.

E, tal como aconteceu em todos os Carnavais, houve ajustamentos ás novas actualidades. A meu ver, talvez estivesse na altura de se dar um ajuste a toda esta festa, garantindo claro, toda a tradição.